Aparentemente, essa imagem foi extraída de uma lâmina colorida de uma edição antiga da Encyclopædia Britannica. A legenda da lâmina é a seguinte:
Shields of arms of "Le Roy Darrabe", "Le Roy de Tarsse" and other sovereigns, mostly mythical, taken from a roll of arms made by an English painter in the time of Henry VI.É bem provável que nunca tenha a visto antes, mas os brasões contidos neles, sim. Como o autor da legenda bem nota, a maioria dos brasões neste armorial são imaginários, ou seja, fruto da imaginação do artista ou do editor do armorial, não de uma constatação.
Mas sabe onde eu os vi antes? No Livro do Armeiro-Mor, o mais emblemático trabalho de arte heráldica de Portugal e, talvez, um dos mais belos da Europa no período. A seguir, os fólios do Livro do Armeiro-Mor, com respectiva numeração, compilados conforme a similaridade com o armorial acima. Clique nas imagens para dar zoom.
Muitos armoriais antigos usavam outras coletâneas durante a compilação dos brasões. Conforme argumenta Steen Clemmensen, a repetição de erros ou a frequência em que alguns brasões atípicos (como os imaginários) aparecem podem ser usadas para traçar uma genealogia entre os armoriais, pois é improvável dois autores tenham inventado todos os brasões imaginários independentemente.
Se confiarmos na datação da lâmina da enciclopédia, ela é do reinado de Henrique VI (1422-1461 e 1470-1471). O Livro do Armeiro-Mor é datado de 1509, mas alguns acadêmicos argumentam que pode ter sido iniciado ainda durante o reinado de João II (1481-1495); de qualquer maneira, posterior ao armorial inglês.
Algumas dos brasões presentes no armorial inglês aparecem em fontes mais antigas, como no Atlas Catalão (c. 1375), do cartógrafo maiorquino Abraão Cresques. Os reis de Aragão costumavam presentear outros soberanos com as belas cartas náuticas de Cresques, e talvez o artista inglês tenha tido contato com um desses brindes.
Dos doze exemplos naquela lâmina, os únicos que divergem significativamente são o da Polônia, cuja representação portuguesa está mais próxima da realidade, e o de Túnis com crescentes, que guarda mais semelhanças com o do Atlas Catalão. As figuras das bandas vermelhas do penúltimo brasão foram omitidas no armorial português, possivelmente por causa de sua difícil visibilidade no inglês.
Tais evidências podem ser usadas para traçar uma genealogia do Livro do Armeiro-Mor. Estas evidências não são suficientes para declarar o armorial inglês ancestral direto do português: talvez possa ser melhor explicado como "tio" ou "irmão mais velho". Mas é quase certo, de qualquer maneira, que ambos são aparentados.
Qualquer evidência adicional é bem-vinda!
Se confiarmos na datação da lâmina da enciclopédia, ela é do reinado de Henrique VI (1422-1461 e 1470-1471). O Livro do Armeiro-Mor é datado de 1509, mas alguns acadêmicos argumentam que pode ter sido iniciado ainda durante o reinado de João II (1481-1495); de qualquer maneira, posterior ao armorial inglês.
Algumas dos brasões presentes no armorial inglês aparecem em fontes mais antigas, como no Atlas Catalão (c. 1375), do cartógrafo maiorquino Abraão Cresques. Os reis de Aragão costumavam presentear outros soberanos com as belas cartas náuticas de Cresques, e talvez o artista inglês tenha tido contato com um desses brindes.
Dos doze exemplos naquela lâmina, os únicos que divergem significativamente são o da Polônia, cuja representação portuguesa está mais próxima da realidade, e o de Túnis com crescentes, que guarda mais semelhanças com o do Atlas Catalão. As figuras das bandas vermelhas do penúltimo brasão foram omitidas no armorial português, possivelmente por causa de sua difícil visibilidade no inglês.
Tais evidências podem ser usadas para traçar uma genealogia do Livro do Armeiro-Mor. Estas evidências não são suficientes para declarar o armorial inglês ancestral direto do português: talvez possa ser melhor explicado como "tio" ou "irmão mais velho". Mas é quase certo, de qualquer maneira, que ambos são aparentados.
Qualquer evidência adicional é bem-vinda!