20 de jan. de 2015

São Luís (MA)

No post sobre França Equinocial, vimos que São Luís foi a capital daquela colônia; aliás, foi a única cidade brasileira fundada por franceses. Outro fato notável é que, entre 1621 e 1811, São Luís foi a capital, em ordem cronológica, do Estado do Maranhão, Estado do Grão-Pará e Maranhão e Estado do Maranhão e Piauí, que, na teoria, eram colônias separados do Estado do Brasil.

O brasão de São Luís é um dos seis que, segundo a historiografia tradicional, foram assinalados pelos portugueses a vilas ou cidades brasileiras (os outros são Salvador, Rio de Janeiro, Belém, Vila Bela de Trindade e Cuiabá). A cidade ganhou o seu em 1647, e pode ser visto abaixo:
Fonte: MEIRELES, 1994

A seguir, minha interpretação pessoal do mesmo. Eu tomei a liberdade de remover os escudos da perspectiva isométrica, e assinalei as armas da Casa de Nassau ao Reino dos Países Baixos. Ainda assim, não sei porque o brasão do Reino da França é anacrônico. Infelizmente, talvez apenas a provisão régia original possa responder a essas perguntas.
São Luís (colonial)

O brasão foi concedido em 1647, três anos após a expulsão dos colonizadores holandeses pelos próprios moradores de São Luís. A interpretação tradicional do escudo, com a balança pendendo para o lado português, é de que a justiça e o direito (jus) português preponderou (prœponderat) sobre a força militar (vis) francesa e neerlandesa.

Em 1926, São Luís ganhou seu brasão moderno. A versão atualmente utilizada pela prefeitura da cidade é a seguinte:



Minha realização do mesmo:

São Luís: De azul, sete estrela de prata arranjadas conforme a constelação de Plêiades; escudete firmado em chefe franchado: I - De verde, três flores-de-lis de ouro; II - De prata, cinco escudetes de azul em cruz, cada um carregado de cinco besantes de prata em aspa.

A constelação de Plêiades é uma referência aos escritores maranhenses que se destacaram a nível nacional, especialmente a geração de Gonçalves Dias (autor da "Canção do Exílio" e do épico I-Juca Pirama), que rendeu à cidade a alcunha de "Atenas brasileira". O escudete faz certa alusão ao brasão colonial, enquanto que sua posição é uma referência à posição da ilha de São Luís em relação ao estado do Maranhão.

Aproveitando a ocasião, gostaria de comentar o brasão da Arquidiocese de São Luís no Maranhão:


A minha interpretação para o mesmo brasão:

Arquidiocese de São Luís no Maranhão: Cortado ondado: I - De azul; II - Ondado de  prata e azul; brocante sobre o todo, três flores-de-lis de ouro.

Eu não encontrei nenhum texto sobre esse brasão, mas não é difícil interpretá-lo. Além de representar o passado colonial da ilha, as flores-de-lis podem representar São Luís da França, que nomeia a arquidiocese (apesar de não ser seu patrono). O campo ondado deve referir-se ou ao caráter insular de São Luís ou ser parlante de Maranhão (do tupi via espanhol, rio grande ou mar), ou ambos.

Comentários, adições/correções e sugestões são bem-vindos.

6 de jan. de 2015

Corinthian-Casuals Football Club (Inglaterra)

Nesse janeiro, o time do Corinthian-Casuals FC excursionará ao Brasil, em visita que contará com um amistoso contra o time do Sport Club Corinthians Paulista, cujo nome e primeiros uniforme e distintivo foram inspirados pelo Corinthian FC, que juntou-se com o Casual FC em 1939 para formar o clube atual.

O Corinthian Football Club, de Londres, foi um dos mais ilustres times do primórdio do football association. Durante a décade de 1880, constituiu a base da seleção inglesa e, em duas ocasiões na próxima década, representou o time nacional em compromissos contra a seleção de Gales. Apesar da inegável superioridade sobre os demais times (resultando em muitas goleadas inesquecíveis), o espírito desportivo presente em todo o estatuto do clube impedia a participação em competições ou por prêmios de qualquer tipo até 1900.

Nas décadas seguintes, mantendo-se amador (status zelosamente mantido até hoje) em meio a profissionalização do esporte na Inglaterra, excursionou por vários países, que inspirariam, além do quase-xará brasileiro, as camisas brancas de nada menos que o Real Madrid.

Já em 1959, como Corinthian-Casuals, o time recebeu concessão de armas pelo College of Arms, pelos serviços prestados ao futebol inglês. Até onde consta, foi a única equipe de futebol, amadora ou profissional, a receber tal honra. Uma realização do mesmo pode ser vista abaixo:


Uma realização do escudo, de minha autoria, pode ser conferida abaixo:

Corinthian-Casuals Football Club: De verde, uma banda do campo filetada de prata carregada de um leopardo de ouro; num cantão de prata, bola de futebol de couro de sua cor brocante sobre uma cruz de vermelho.

O leão e a cruz de São Jorge são símbolos tipicamente ingleses, e sua inclusão em brasões concedidos pela Coroa é, em muitas ocasiões, considerados uma honra maior. O simbolismo da bola de futebol é óbvio e, talvez, as linhas brancas em fundo verde façam alusão a um campo de futebol.

No timbre, o leão de duas cabeças representa as duas grandes equipes  ̶̶̶  o Corinthian FC e o Casuals FC  ̶̶̶  que se amalgamaram para formar a equipe atual, e segura bandeirolas com as cores dos dois ex-times, respectivamente, branco-e-azul e rosa-e-chocolate. A divisa, "E Duobus Unum" ("De dois, um"), representa o mesmo fato.

Sugestões e comentários são bem-vindos.